Scrivi quando? Fai molte volte questa domanda
in mezzo alle osservazioni casuali, ma tu sai
la risposta. Aspetti che venga una nuvola
o che ti sveglino gli animali in mezzo alla notte.
Tremi, per così poco pericolo. La morte
lentamente si posa sulle tue spalle, come un sospetto.
Soffri molto, due giorni di pioggia ti ricordano
il passare del tempo, la dolcezza delle cose, dolce
veleno, quello dell’oblio. Tante volte lo cerchi,
in tanti modi, non ti fai conto di nessuno.
Solo, solo nel mondo, inventariando i segreti,
solo in questa voce, solitario sulla pagina di un libro,
nessuno ti visita o chiama nel tuo sogno, a nessuno
appartieni, a nessuna vita che verrà.
Escreves quando? Fazes muitas vezes essa pergunta
no meio de observações casuais, mas tu sabes
a resposta. Aguardas que venha uma nuvem
ou que os animais te despertem a meio da noite.
Estremeces, de tão pouco cuidado. A morte
poisa devagar no teu ombro, como uma suspeita.
Sofres muito, dois dias de chuva lembram-te
a passagem do tempo, a doçura das coisas, doce
veneno, o do esquecimento. Tantas vezes o pedes,
de tantas maneiras, não te dás conta de nenhuma.
Só, só no mundo, inventariando os segredos,
só nessa voz, solitário nessa página de um livro,
ninguém te visita ou chama o teu sono, a ninguém
pertences, a nenhuma vida que há-de vir.